j292 19/06/2010
Confira o artigo do economista e historiador José Bernardes de Lima Sobrinho
Estava eu ontem ouvindo um noticiário local e o repórter estava falando da violência que persiste a prolongar no nosso meio. Falava dos assaltos recentes nas farmácias, bares e restaurantes, enfim, quando ele começou a entrevistar o senhor Dedé Matias, conhecido empresário da nossa cidade e que seu comércio tinha sido assaltado duas vezes em menos de uma semana e pelo mesmo marginal. Nesta entrevista o Dedé Matias externou toda sua indignação para com os poderes públicos constituídos, o descaso das nossas autoridades com relação á nossa segurança.
No dia anterior no mesmo noticioso, ouvi o presidente do CDL de Picos, o senhor Josino Coutinho abordando o mesmo tema. Na entrevista ele conclama as instituições civis e militares para que se mobilizem no sentido concreto - fechando o comércio, fazendo passeata, etc. estas entrevistas me tocaram, pois eu mesmo fui vítima há sete anos, de um assalto, em que os bandidos me subtraíram uma moto, além do que, fui muito “judiado”. Fui consolado pelas palavras de uma vizinha e tia da minha esposa: "Sorte sua Dedé que só levaram a moto, pior aconteceu com o meu filho, que além da moto, perdeu a vida"
Diante do que foi exposto comecei a divagar ao sabor da história: será que estamos voltando à idade média, quando houve a queda do império romano do ocidente? Se não for, está parecendo. Por volta do século V os bárbaros germânicos tomaram conta do império romano do ocidente, e neste período houve um processo de ruralização, as pessoas abandonavam as cidades, com medo dos saques, estupros etc, e iam morar nos chamados feudos. Houve então a descentralização do poder, não existia mais a figura do imperador ou do rei, as estradas ficaram ruins, o aparato burocrático romano foi esfacelado. A nova ordem tinha como eixo central o feudo, unidade produtora onde ocorria as relações sociais, econômicas e culturais. Era no feudo que o cidadão comum, o servo, e o senhor feudal se sentiam seguros, pois lá existia a milícia do feudo.
É triste perceber que estamos fazendo um retorno ao passado, mas o maniqueísmo do bem contra o mal fica evidente quando uma amiga advogada, pessoa dita letrada fala que precisamos voltar urgentemente a usar o código de Hamurabi - olho por olho, dente por dente.
As nossas instituições estão perdulárias? Devemos esquecer a constituição cidadã, escrita em 1988, e, portanto ainda com medo de um retrocesso da ditadura militar? Na constituição cidadã preso político se confundia com bandido da pior espécie, e isto beneficiou o estuprador, o ladrão de banco e coisas do gênero?
São indagações que fazem o homem simples que quer apenas liberdade e paz para construir o seu sonho de pequeno burguês. Mas o burguês também faz as mesmas indagações, esperando um dia encontrar as respostas “vivinho da silva”, pois afinal ele quer desfrutar do seu direito de ter propriedade privada.
*José Bernardes de Lima Sobrinho é economista e historiador, especialista em sociologia e história pela Universidade Regional do Cariri (URCA) em 2006, com formação em Licenciatura plena em História pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI) em 2002 e Bacharelado em Ciências Econômicas pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR) em 1985.

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