Após a manifestação dos moradores dos Bairros Ipueiras e Bairro São José, coordenado pelo Pároco Pe. Walmir, protestando contra a situação em que se encontram muitos bairros de Picos, a cidade passou a questionar o papel da Igreja Católica nos movimentos sociais. Seria essa a função de um Padre? Estaria correto o apoio da Igreja? Essas questões contemporâneas nos faz pensar: E na época de Jesus, Ele ficava calado? Eu, particularmente, filha de uma Catequista que há mais de 60 anos dedica sua vida à sua vocação de ser Católica Apostólica Romana, e Zeladora do Sagrado Coração de Jesus, não relutei em questioná-la:
- “ Mãe! minha querida Mãe, me diga: Jesus ficava calado diante das coisas erradas de seu tempo?
- Ela nem precisou pensar e disse: Claro que não! Jesus era corajoso, enfrentava as leis do seu tempo e era sábio.
Eu já sabia da resposta. Essa experiência vivenciada é para justificar o que, vez ou outra, ouvimos. O que é que tem haver Padre fazer manifestação popular? Jesus não respondia ninguém, permanecia calado. Alto lar!
O meu Jesus mesmo era que não ficava calado. As narrativas nos dão conta de que o Mestre jamais ficou calado. Sempre respondeu à altura aqueles que detinham o poder e nem os poupou de, por várias vezes, chamá-los de hipócritas. Jesus agia com sabedoria. Mt 5,20: “ Com efeito, eu lhes garanto: se a justiça de vocês não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino do Céu”. Percebe-se por aqui , que Jesus em relação aos escribas e fariseus, já os definiam como pessoas às quais não devíamos seguir o exemplo, cuja justiça não deveria ser imitada. Jesus não se calara nunca. “ Eu digo a vocês: se eles se calarem, as pedras falarão”.
O presente texto é só para lembrá-los que a nossa fé se torna minúscula quando engolimos o grito e quando nos amedrontamos diante dos fatos. Não tenho dúvida de que, cada um de nós que participamos das manifestações populares, só estamos revivendo, só que mais fortemente, o Jesus que não se calou e que ainda hoje não se cala, perante as novas manifestações de opressão.
Maria Claudeia
Assistente Social e Pesquisadora em Gênero.
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