A população picoense foi surpreendida na manhã do dia 09 de Fevereiro de 2012, com a notícia da prisão de várias pessoas acusadas de envolvimento com o tráfico de drogas e outros crimes. A “Operação SEGOR” como foi denominada pela polícia civil, foi desencadeada na cidade de Picos e outras cidades vizinhas tendo repercussão em todo o Estado.
O espanto foi maior quando da divulgação dos vários nomes... Um me surpreendeu sobremaneira e brotou a dúvida em muitos... Foi o equívoco da prisão do Jornalista e fotógrafo muito conhecido no nosso meio, o jovem Joel Marques Cardoso. “Será isso possível?” Pensei naquele instante. Num comentário com alguém, este me disse: “A Polícia não erra...” Mas a polícia tinha errado! E errou feio e não foi somente com o fotojornalista... A polícia havia cometido um grave erro quando no mesmo dia e quase na mesma hora invadiram a casa rompendo a porta de entrada e do quarto de um advogado em Picos.
A prisão do pacato profissional, conhecido jornalista, Coordenador de grupos religiosos, estudante universitário do último período do curso de Jornalismo deixou perplexa a grande maioria dos picoenses. Foi difícil naquele primeiro momento aceitar a sua prisão e pensávamos que havia um engano na divulgação dos nomes, mas depois constatamos a triste realizada. Tratava-se realmente do fotógrafo, Joel Marques Cardoso!
Quando acontece com os outros é fácil perceber o distanciamento dos acontecimentos que marcam uma vida... Imagine o que se passou naquele exato momento com Joel Marques? E a sua família então? Seus filhos?
Havia também entre os presos, outros nomes um tanto que conhecidos, mas desde o instante da sua prisão já havia indícios da sua inocência, mas mesmo assim, somente após uma semana da sua detenção, o Judiciário decidiu pela sua liberdade.
O que deixa a sociedade perplexa, mais do que a lentidão do Estado brasileiro, foi a imperícia dos Agentes Policiais; Uma polícia não pode errar grotescamente como errou, senão ficamos à mercê de uma polícia ineficiente e que a qualquer momento pode entrar na casa de qualquer um e levar um inocente para a cadeia, ficando registrado eternamente esse drama nas consciências de todos, dos amigos, principalmente da família, dos filhos que assistem à prisão de seus pais pela polícia dentro de suas próprias casas... Ora, a polícia deveria estar ali para protegê-los.
Quando a polícia erra de forma tão burlesca, é como se estivéssemos retornando aos tempos medievais onde a justiça se fazia à revelia dos interesses comuns...
Queremos ter uma polícia militar ou civil equipada, experiente, bem remunerada, estruturada em sua carreira, sem interferências de cunho político, eficiente e com qualidade de trabalho acima da média. Uma polícia que não cometa erros; uma polícia que aja de acordo com as investigações e que não se baseia apenas numa voz de celular para prender quem quer que seja.
É bem verdade que temos hoje policiais capazes e excelentes profissionais em todos os órgãos. Temos em grande maioria, componentes com boa qualidade cultural e nível intelectual adequado, possuidores de cursos universitários ou pós-graduações nos diversos ramos da Segurança. Eles desempenham suas funções a contento e trabalham para o bem estar da coletividade, fazendo cumprir as leis e cumprindo com as obrigações inerentes aos seus cargos.
Mas as ações desastradas e violentas, não podem simplesmente serem desculpadas e esquecidas como se isso fosse nada! Ora, isso trás consequências negativas e depreciativas para toda a Instituição Policial. Com o passar do tempo faz com que a polícia ganhe a pecha de “arbitrária”, isso não pode acontecer com a nossa polícia. Não a queremos assim. Existe a polícia de nossos sonhos! Uma polícia experiente e de fato a serviço da população, implantando com eficiência os projetos de policiamento seja comunitária ou ostensiva e de ações de prevenção que combinam vigilância e repreensão.
A invasão da casa do Jornalista Joel Marques Cardoso me fez lembrar o tempo que me ficou marcado na época da Ditadura Militar, onde o estigma da expressão polícia-repressão era o mais usado e difundido. Repressão como sinônimo das atrocidades que ocorriam nos porões dos departamentos policiais através das práticas de tortura e, até, desaparecimento de opositores ao regime do governo ditatorial dos anos de chumbo que eu vivi em São Paulo. A polícia, naquele período, ao invés de ser o órgão de conservação e garantidor da paz e da tranquilidade pública, na verdade era o braço humano utilizado nessas práticas pusilânimes.
Hoje é claro que os tempos mudaram... A polícia é mais amiga do cidadão, do trabalhador; uma polícia baseada na premissa de que tanto os órgãos de segurança quanto a população devem trabalhar unidas para identificar, priorizar e resolver problemas que afetam a ordem pública, tais como o crime organizado e o combate as drogas.
Essa é a segurança que queremos para nossas famílias, amigos e a quem amamos!
Douglas Nunes – Escritor e Poeta Picoense.
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